Para muitos o Natal é uma época em que um misericordioso clima invade o coração. As crianças esperam o bom velhinho. Algumas choram ao sentar em seu colo, mas todas sorriem ao receber seus presentes. Pessoas fazem as pazes, casais à beira do término passam a festejar.
Alguns se empenham em ações solidárias, colegas de trabalho confraternizam.
A cidade fica mais bonita, mais iluminada. Enfeites decoram jardins, sacadas, portas.
Como num passe de mágica grandes males se dissipam em meio a árvores com luzes intermitentes.
Tudo parece perfeito nessa época, se não fossem equipes de reportagem nos mostrando que a realidade é outra. Que não estamos plenamente em clima de “ho-ho-ho”.
“Presentes de Natal são roubados em creche da Zona Leste de SP”
Essa foi a primeira notícia que vi hoje. Fiquei completamente sem chão ao ler que alguns não se importam em NADA com os outros.
Não temos nem como justificar dizendo que estão tirando dos ricos para dar aos pobres, a la Robin Hood.
Pela reportagem, é a 4ª vez que a creche, no bairro do Cangaíba, é roubada e desta vez foram levados os presentes de Natal das crianças de 1 a 3 anos, além dos panetones e R$ 800,00.
Existe alguma explicação, fora a de falta de vergonha na cara desses ladrões? Por óbvio que não.
Pessoas inescrupulosas são assim os 365 dias do ano. Apenas sabem olhar para os seus próprios umbigos.
Mas pensando bem, aqueles que só fazem o bem entre 24 e 25 de dezembro merecem consideração especial? Por que esperar esses dias específicos para aprender a perdoar, para ajudar quem precisa, para dançar, festejar, para se emocionar com a beleza da cidade e ser feliz?
Temos mesmo que nos restringir à época de homenagem ao nascimento do menino Jesus?
Não sou uma católica fervorosa. Na realidade sou um misto de várias crenças, mas uma coisa eu sei: um dos ensinamentos é pra amar Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.
Ele especificou datas? “Façam isso apenas no mês de dezembro, senão o mundo fica muito bonzinho!”
Eu faço uma proposta. Já que os sinos, os pisca-piscas e as músicas natalinas amolecem corações, sugiro que façam o possível para estender esses “efeitos colaterais” por, pelo menos, mais um ano. Até o Natal que vem, que tal família unida, perdão eliminando desavenças, doações periódicas, telefonemas mais freqüentes para aqueles que estão longe, um tempinho a mais para os filhos, uma atenção a mais para os pais, um olhar mais atento para os animais... Vamos tentar?
"Há mais, muito mais, para o Natal do que luz de vela e alegria; É o espírito de doce amizade que brilha todo o ano. É consideração e bondade, é a esperança renascida novamente, para paz, para entendimento, e para benevolência dos homens." (Autor desconhecido)