Lô Pimentinha

Lô Pimentinha
Devaneios de uma mulher, filha, amiga e advogada piperácea, cujos frutos são bagas picantes. Pensamentos habitualmente utilizados como tempero do cotidiano.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Panterinha

Há algum tempo, foram apenas trocas de olhares. Nada muito íntimo.

Há pouco tempo fomos mais além e não foi preciso muito. Apenas um encontro mais próximo, algumas cheiradas e uma lambida para descobrir por onde andei e quem sou. Pronto. Foi o suficiente para concluirmos que o gostar era recíproco.

Nessa oportunidade seus olhos eram quase prateados e mesmo aparentemente distantes, davam indícios do que você já viveu.

Cuidar de você foi prazeroso. Não era apenas você que estava sendo alimentada, era também a nossa esperança de que ainda tínhamos tempo.

No final de semana seguinte tudo mudou. Ou nada mudou?

Mudou... Mudou, sim! A dificuldade aumentou, mas o amor aumentou muito mais.

Seu choro na madrugada, mesmo que baixinho, me desesperava. Puxava você para meus braços e na ânsia de te ver melhor te acolhia, te afagava, te beijava e sussurrava no seu ouvido: “Vai passar... Calma, meu amor... Vai passar.”

Aqueles olhos azuis e sonolentos apareciam na cozinha... Também com o coração apertado ele nos olhava penalizado...

Assim foram dois dias quase que inteiros.

Pode parecer mentira dizer isso agora, mas a cada colo que te dava, te sentia mais leve. É como se a cada momento um pouco mais da sua alma passasse a flutuar.

Quando olhos azuis e os castanhos não tinham mais você ao alcance é que você decidiu flutuar de vez.

Não sei como foi seu último suspiro e talvez tenha sido melhor assim, porque dessa forma consigo ter na memória a doce visão de sua serenidade em meus braços.

Viu como eu estava certa? Calma... Passou... Agora sem dor, sem choro. Apenas um jardim imenso, anjinhos de quatro patas e ossinhos de nuvens...

Pouco tempo, muito carinho. Poucas chances, chances bem aproveitadas.

Beijos Panterinha. Fique bem.