Há algum tempo, foram apenas trocas de olhares. Nada muito íntimo.
Há pouco tempo fomos mais além e não foi preciso muito. Apenas um encontro mais próximo, algumas cheiradas e uma lambida para descobrir por onde andei e quem sou. Pronto. Foi o suficiente para concluirmos que o gostar era recíproco.
Nessa oportunidade seus olhos eram quase prateados e mesmo aparentemente distantes, davam indícios do que você já viveu.
Cuidar de você foi prazeroso. Não era apenas você que estava sendo alimentada, era também a nossa esperança de que ainda tínhamos tempo.
No final de semana seguinte tudo mudou. Ou nada mudou?
Mudou... Mudou, sim! A dificuldade aumentou, mas o amor aumentou muito mais.
Seu choro na madrugada, mesmo que baixinho, me desesperava. Puxava você para meus braços e na ânsia de te ver melhor te acolhia, te afagava, te beijava e sussurrava no seu ouvido: “Vai passar... Calma, meu amor... Vai passar.”
Aqueles olhos azuis e sonolentos apareciam na cozinha... Também com o coração apertado ele nos olhava penalizado...
Assim foram dois dias quase que inteiros.
Pode parecer mentira dizer isso agora, mas a cada colo que te dava, te sentia mais leve. É como se a cada momento um pouco mais da sua alma passasse a flutuar.
Quando olhos azuis e os castanhos não tinham mais você ao alcance é que você decidiu flutuar de vez.
Não sei como foi seu último suspiro e talvez tenha sido melhor assim, porque dessa forma consigo ter na memória a doce visão de sua serenidade em meus braços.
Viu como eu estava certa? Calma... Passou... Agora sem dor, sem choro. Apenas um jardim imenso, anjinhos de quatro patas e ossinhos de nuvens...
Pouco tempo, muito carinho. Poucas chances, chances bem aproveitadas.
Beijos Panterinha. Fique bem.